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" Sorrir é viver, parar é morrer "

04
Abr11

Amor eterno...

por Andreia

 

 

Estávamos em Agosto, e estava um dia de calor ardente, por isso decidi ir dar uma volta pela praia para desanuviar um pouco a minha cabeça que neste momento estava completamente confusa, e num mero caos. Estava grávida dele, do homem que amava, e só tinha apenas 17 anos.

Descalcei as minhas sandálias de salto brancas, e comecei a caminhar sobre a suave areia. Aproximei-me da água, e comecei a caminhar sobre ela. O toque dela na minha pele transmitia-me uma certa calma. Ali sentia-me livre do mundo, ali sentia-me simplesmente em paz.

Relembrei toda a minha história com ele e lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu tinha que o deixar, não podia prendê-lo a mim, não com este bebe a caminho. Conhecia-o perfeitamente bem para saber que ele ia desistir de todos os seus sonhos para poder assumir todas as suas responsabilidades, e eu amava-o demais para o poder deixar desistir de todos os seus sonhos. Ele tinha uma vida pela frente e não podia agarrar-se a algo tão cedo.

Mais lágrimas rolaram pela minha face. Iria ser tão difícil deixa-lo, dizer-lhe que estava tudo terminado…seria difícil porque sabia perfeitamente que o iria magoar, mas era melhor assim, era melhor para ele que assim fosse.

Avistei-o ao longe, por isso limpei as lágrimas que permaneciam sobre os meus doces olhos e respirei fundo, tentando esconder todos os meus sentimentos. Ele viu-me e correu na minha direcção, enlaçando a minha cintura com as suas mãos, e aproximou os seus lábios dos meus, beijando-me bastante apaixonadamente. Não neguei aquele beijo, pois sabia que iria ser o nosso último beijo, e por isso entreguei-me a ele, embrenhando os meus delicados dedos no seu cabelo de seda. Mantivemo-nos assim durante minutos, e só nos afastamos porque estávamos a ficar sem fôlego.

Era tão bom tê-lo nos meus braços e sentir que iríamos ficar juntos eternamente, mesmo que isso não fosse verdade.

- Precisamos de falar David. – murmurei-lhe friamente. Era tão estranho falar-lhe assim, mas tinha que ser. Eu tinha que o afastar de mim.

- Que se passa princesa? – indignou-me preocupado e fitando-me bastante intensamente. A preocupação estava bem patente no seu doce olhar da cor do mar.

- Não me chames princesa. – retorqui-lhe ainda mais friamente. Vi o seu olhar a ficar cada vez mais triste, por isso desviei um pouco o meu olhar e encarei as ondas do mar. – David, eu tenho que te contar uma coisa…uma coisa que deixei adiar por muito tempo. – fitei-o e pareceu-me ver algumas gotículas de lágrimas a querem sair dos seus belos olhos, o que me fez doer o coração, mas não me podia ir abaixo.

- Diz de uma vez por todas o que se passa, Bianca! – pediu-me cada vez mais preocupado e triste.

- Eu já não te amo! – acabei por dizer rapidamente, pois assim a dor não seria tanta.

- Tu o que??! – indignou-me confuso e com as lágrimas a escorrerem pelo seu belo rosto.

- Eu já não te amo. – repeti com mais firmeza.

- Tens a certeza do que estás a dizer? – fitou-me intensamente, tive que me controlar para não chorar. – É que eu não vejo isso nos teus doces olhos. – fez-me uma festa na bochecha, o que me fez deseja-lo.

- Tenho David, está tudo acabado entre nós aqui! – afastei-me dele. – Desculpa. – pedi com o meu coração partido em mil pedaços.

- Tudo bem, se não és feliz comigo, não te posso prender a mim. Tudo o que eu mais quero é ver-te feliz. – tentou sorrir-me, ainda com as lágrimas a saírem dos olhos. – Posso te pedir apenas uma coisa?

- Sim claro. – tentei sorrir. Ele podia me pedir tudo o que quisesse, pois eu era capaz de tudo por si.

- Lembra-te que te amo, e que para sempre te irei amar. Foste a única dona do meu coração, e serás sempre a dona de mim. – confessou limpando as lágrimas que escorriam dos seus olhos.

- Ok. – foi a única que consegui dizer perante aquelas bonitas palavras, que só me faziam ama-lo cada vez mais. Tudo o que mais queria era enlaçar-me nos seus braços e dizer que o amava mais que tudo, e que simplesmente estava a espera dum filho seu. – Tenho que ir indo. Até qualquer dia. – disse arranjando uma desculpa para fugir aquilo que sentia.

- Ok, espero que sejas feliz. E já sabes que estarei sempre aqui para tudo o que precisares. – retorquiu-me bastante tristemente.

- Obrigada. – agradeci e fui-me embora. Assim que me afastei o suficiente dele, deixei as lágrimas escorrerem sobre a minha face. Comecei a correr sem fim, até que cheguei a um lugar escuro e frio.

Senti medo de ali estar, mas não conseguia fugir dali. Alguém puxou o meu braço e encostou-me a uma parede fria e dura.

- Anda cá boneca! – disse uma voz grossa que me metia ainda mais medo.

- Largue-me! – gritei tentando me soltar.

- Jamais! Hoje irás ser minha! – retorquiu agarrando-me com mais força, e começou a desapertar o cinto das suas calças, baixando-as de seguida.

Aproximou-se mais de mim, mas mesmo assim não consegui decifrar o seu rosto. Beijou-me forçadamente e começou a percorrer o meu corpo com as suas mãos. Tentei uma vez mais soltar-me, mas não conseguia. Não tinha forças suficientes para lutar com aquele monstro.

- Largue-me! – implorei uma vez mais, começando a chorar.

- Está calada, e deixa-me fazer aquilo que desejo! – gritou e deu-me um estalo de tal maneira, que os meus lábios começaram a sangrar. – Uh, és sensível. Amo meninas sensíveis. – murmurou e lambeu os meus lábios com a sua língua, limpando-me o sangue. Cuspi-lhe para a cara, e ele esbofeteou-me outra vez.

- Largue-a imediatamente! – gritou uma doce voz, uma voz que eu conhecia. Era David.

- E quem és tu para pedir que eu a largue? – inquiriu aquele monstro virando-se para o meu David. Tentei fugir dali, mas porém não consegui mexer-me.

- Sou o namorado dela, pai do seu filho! – retorquiu aproximando-se mais. Notava perfeitamente a raiva que emanava dos seus olhos.

Como é que ele sabia que eu esperava um filho seu?! Será que a Andreia lhe tinha contado?!

- E pensas que isso te dá direitos? – insistiu aquele nojento, agarrando-me contra si. Tentei afastar-me mas não consegui.

- É melhor largares-lha, estou-te a avisar! – ameaçou o meu príncipe.

- Uh, o que me vais fazer puto? – provocou.

- Nem queiras saber!

Dito isto, tudo se passou rapidamente. Só vi David a atirar-se ao homem, e este a tirar uma faca do bolso.

- David, não! – gritei tentando trava-lo, mas porém foi tarde demais. O homem cravou-lhe a faca no peito, e ele caiu no chão a contorcer-se de dores. Senti uma dor enorme a invadir o meu peito, o que me fez gritar de ódio e desespero. As lágrimas escorriam descontroladamente sobre o meu rosto.

- Eu avisei-te puto! – murmurou aquele monstro – Um dia ainda irás ser minha! – disse-me e depois virou costas indo-se embora.

- Nunca! – gritei suficientemente alto para que ele ouvisse. Aproximei-me de David, que estava deitado no chão a escoar-seem sangue. Ajoelhei-meperto de si, e peguei nele cuidadosamente, deitando-o no meu colo. – David… - ia a dizer quando ele me colocou o seu dedo indicador sobre os lábios.

- Não digas nada princesa. – disse esforçadamente. Ele mal conseguia falar devido as dores. – Posso te pedir uma coisa? – indignou fazendo uma suave festa na minha barriga.

- Claro, podes pedir tudo o que quiseres meu amor! – fiz-lhe uma suave festa nos seus cabelos loiros.

- Aconteça o que acontecer promete-me que não irás fazer nenhuma asneira, e que irás trazer este bebe ao mundo e dar-lhe-ás todo o amor do mundo. – pediu cada vez com mais dificuldades em falar e em respirar.

- David, não me peças isso, por favor! – retorqui chorando cada vez mais. Ele não me podia pedir uma coisa daquelas. Eu é que devia estar no lugar dele. Eu é que devia estar a sofrer, por tê-lo magoado tanto.

- Por favor! – implorou fazendo-me uma festa na bochecha – Pelo nosso amor, traz esse bebe ao mundo, pois ele foi feito com o amor mais intenso e eterno que existe.

- Se assim o queres… - tentei sorrir-lhe, mas porém as lágrimas continuavam a escorrer dos meus olhos.

- Amo-te. – murmurou e aproximou os seus lábios dos meus.

- Também te amo. – retorqui e aproximei ainda mais os nossos lábios. Ele acabou com a pequena distância que ainda existia e beijou-me bastante apaixonadamente. Entreguei-me completamente aquele beijo, transmitindo nele tudo aquilo que sentia por ele. Ele também assim o fez.

Aquele beijo era simplesmente único, era o nosso melhor beijo! As nossas línguas entrelaçavam-se duma maneira única e perfeita, completando-se. Os nossos lábios moviam-se em conformidade.

- Lembra-te sempre que te amo. – sussurrou contra os meus lábios, assim que nos afastamos para podermos respirar, e depois desfaleceu nos meus braços.

- David! – gritei abanando-o. Não, ele não podia ter-me deixado! – David, amor, por favor acorda, não me deixes! – implorei derramando milhares e milhares de lágrimas. Abanei-o uma data de vezes, mas ele não reagia. – Não!!! – gritei com todas as minhas forças quando me apercebi que ele tinha partido para todo o sempre. O único homem que eu amava tinha partido por uma estupidez minha.

Apertei o seu corpo contra o meu e beijei uma última vez os seus doces, e agora frios, lábios.

- Serás sempre o único que amarei. – sussurrei, e nesse momento senti uma suave brisa, o que me fez sentir o seu doce toque.

Estávamos em Maio quando as águas rebentaram. Eu tinha decidido levar a gravidez avante, visto que era o seu último desejo. Assim que vi o bebe, vi que era um menino e que era totalmente igual ao pai. Tinha os mesmos olhos da cor do mar, o mesmo sorriso perfeito. Decidi chamar-lhe David…

Tentei manter-me forte, mas existirá sempre um sorriso que se esconde dos meus lábios, uma lágrima que cai sobre os meus olhos, um sentimento que permanece dentro de mim, uma luta forçada sem apoio. Uma felicidade fugida, uma mágoa sentida, um momento inesquecível. Saudades que apertam, ferida que não sara…

 

Andreia Filipa Pereira

4 de Abril de 2011

 

Ps: texto exclusivamente dedicado a Beatriz Sousa :D

 

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