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" Sorrir é viver, parar é morrer "
Hoje, ao fim de quase três meses de saber que o meu fim estava próximo decidi escrever uma carta ao único rapaz que mereceu o meu amor. Muitas foram as tentativas falhadas, o balde estava cheio de cartas rasgadas, até que algo me saiu.
Londres, 20 de Maio de 2011
Deito-me sobre o chão frio e duro, tentando a todo o custo afastar a dor que em mim causas, mas parece que nenhuma dor é pior aquela que tu exerces sobre mim.
Os momentos que passamos juntos não me saem da mente e principalmente do coração. Não consigo esquecer nem um único segundo que passei contigo. Não consigo esquecer as nossas trocas de olhares e a nossa cumplicidade em simples sorrisos. Não consigo esquecer uma única palavra que saiu da tua boca. Não consigo esquecer as tuas atitudes que me deixavam, e deixam, completamente dividida e confusa. Não consigo esquecer a felicidade que me proporcionaste. Não consigo esquecer-te simplesmente.
A verdade, que em parte está a vista de todos, é que eu ainda penso bastante em ti, e ainda te amo, talvez como no primeiro dia de toda esta história. Amo-te, e por mais que queira não consigo apagar este sentimento. Sempre que tento esquecer-te e deixar de te amar, tu tens atitudes que me fazem voltar a acreditar que talvez ainda existe uma hipótese para nós os dois. Talvez tudo não passe duma mera ilusão minha, mas não consigo afastar a esperança que tenho em voltar-te a ter-te nos meus braços.
Existe uma força enorme dentro de mim que teima em que eu seja eternamente a tua miúda, mas essa força vai contra os meus desejos, e em parte, contra a realidade. Hoje o meu maior desejo é esquecer-te, ou melhor dizendo, esquecer-te como se fosses a minha metade, a minha essência de vida, porque ambos sabemos que esquecer-te completamente é impossível, pois os momentos que passei a teu lado foram simplesmente os melhores da minha vida, e isso não deverá ser esquecido. Uma felicidade como aquela que senti ao teu lado merece ser recordada, e por minha vontade irá ser. Por muito que me custe, por muito que me doa, irei sempre recordar-me de ti, e de todos aqueles momentos.
Ouvir a tua voz faz-me sentir um misto de emoções, muitas delas opostas. Tristeza, alegria, dor, mágoa, felicidade, paixão, ódio, amor, saudades, são apenas um exemplo das emoções que passam pelo meu coração sempre que oiço a tua voz. Ouvir a tua voz faz com que o meu coração se despedace cada vez mais devido as muitas saudades que sinto de ti. Ouvir a tua voz faz-me reviver aquele “nosso” passado perfeito. Ouvir a tua voz faz despertar, de novo, a esperança que tenho em um dia poder haver um “nós”.
Levanto-me do chão decidida em afastar-te de vez da minha vida, do meu pensamento e principalmente do meu coração. Apago do computador tudo aquilo que me faz lembrar de ti, deito fora todas as lembranças que tenho dos nossos momentos, e por fim rasgo os pequenos papéis que tu escreveste. No meio deles encontro uma pequena carta endereçada a mim, olho para o remetente e reparo que a carta é tua. Tento ignorar esse facto, mas não consigo e acabo por abrir a carta.
“20 de Abril de 2009
Querida Rose,
Sei que quando leres esta minha carta já deves saber daquilo que fiz. Sim, o que te contaram é verdade. Eu envolvi-me com a Patrice.”
Ao ler o primeiro parágrafo da carta lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, por isso tentei ignorar o resto do conteúdo da carta e pousei-a na caixa das recordações. Liguei o Messenger e reparei que estavas online. Olhei para a carta e sem resistir peguei nela e voltei a lê-la.
“Peço-te por tudo Rose tem calma ao leres cada palavra desta minha sincera carta. Eu envolvi-me com a Patrice, sim, mas foi tudo para tentar te esquecer. Tentei de tudo, mas nada resultava, nem mesmo o envolvimento com ela resultou. Porém soube que tu também gostavas de mim e que estavas a sofrer bastante com este afastamento, por isso achei melhor que soubesses que eu tinha seguido em frente pois assim ias seguir em frente e deixavas de sofrer. Talvez esteja errado, mas só quero o teu bem e não quero que sofras por mim.
Desculpa todo o sofrimento que te causei, e acredita que não era minha intenção. Amo-te demasiado para te magoar, e acredita que me amaldiçoo todos os segundos por te ter causado tanto sofrimento. Desculpa por tudo meu amor.
Sei que não sou ninguém para te pedir nada, mas só quero que tenhas cuidado contigo, e sê feliz, pois tu mereces toda a felicidade do mundo. E lembra-te que numa parte isolada do mundo existe sempre uma pessoa que te ama mais que qualquer coisa na vida, até mais que a sua própria vida.
Beijos de quem te ama mais que a própria vida,
Jack Dawson”
Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto ao ler cada palavra que escreves-te, e sem aguentar mais meti conversa contigo no Messenger e disse-te apenas: “Amo-te”. Esperei alguns minutos pela tua resposta, até que alguém bateu à porta.
Fui abri-la e qual é o meu espanto quando te vejo lá. Sorri-te imensamente e tu retribuíste-me o sorriso enquanto embalavas a minha cintura no teu braço. Envolvi o teu pescoço com os meus braços, puxando-te mais para mim. O teu hálito batia sobre os meus lábios fazendo-me ansiar por um beijo teu. Mordi o lábio como forma de afastar esse desejo, e tu riste-te e depois beijaste-me com todo o amor, paixão e desejo que haviam dentro de ti. Correspondi ao beijo de forma grandiosa e entreguei-me completamente a ti. As nossas línguas mexiam-se de forma mágica, e as nossas mãos exploravam cada parte incerta dos nossos corpos.
Tu eras o único a quem me devia entregar, pois foste o único que mereceste o meu amor eterno e mágico. Por tudo o que me fizeste passar, entrego-te esta carta meu amor.
Amo-te não só por aquilo que és, mas sim por aquilo que me fizeste passar. Serei eternamente tua, meu Jack!
Da tua,
Rose DeWitt Bukatter Dawson.
Coloquei a carta dentro do envelope branco e fechei-o. Caminhei até a pequena varanda, que era o meu sítio com ele, e sentei-me numa das cadeiras brancas que lá estavam. As memórias dos momentos que passei com ele começaram a invadir a minha mente, e as lágrimas apoderaram-se dos meus olhos.
- Amo-te tanto meu Jack. – sussurrei entre soluços e depois cai completamente no escuro.
Andreia Filipa Pereira
21 de Maio de 2011
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