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" Sorrir é viver, parar é morrer "

29
Jun11

Medo

por Andreia

Uma das coisas que mais tenho medo na vida é da morte. Não apenas da minha, mas principalmente daqueles que amo. Nunca tolerei muito a ideia de alguém deixar de existir. É algo tão estranho, tão sentido. Quando alguém que conheço, mesmo sendo pessoas famosas (como por exemplo: Francisco Adam, Angélico Vieira, Princesa Diana), sinto-me a despedaçar completamente por dentro. Quando vejo alguém a partir começo a pensar naqueles que mais amo, e sinto uma necessidade enorme de os abraçar e mantê-los para sempre bem juntos ao meu peito.

Recordo-me perfeitamente do dia 13 de Janeiro de 2008. Sei que ao inicio controlei demasiado bem as lágrimas, pois queria me mostrar forte. Mas depois, vi aquela caixa castanha a que chamam caixão, e tomei consciência que uma das pessoas mais importantes da minha vida tinha partido. Lágrimas começaram a escorrer pela minha face, queimando-me as bochechas rechonchudas que ela tanto gostava. Um choro incontrolável apoderou-se de mim, e a dor povoou o meu peito de forma bastante avassaladora. Não tive tempo de me despedir dela. Não tive tempo de lhe dizer um último AMO-TE.

No dia anterior, 12 de Janeiro de 2008, fazia precisamente 10 anos que outra das pessoas mais importantes da minha vida se tinha ido. Tenho poucas memórias dela. Mas, juro-vos, as que tenho são as que guardo com mais carinho dentro de mim. Foi com ela que aprendi a andar. Foi com ela que aprendi a detestar comida fria. Foi ela que sempre me tratou como uma princesinha. Apesar de ter estado poucos anos da minha vida com ela, sinto imensas saudades. Queria poder tê-la aqui ao meu lado outra vez para me proteger dos males que este mundo me faz. Porém, sei que ela permanece bem perto de mim. Sei que quando mais preciso é ela que me protege. Sei que é ela o meu anjo da guarda. AMO-A INCONDICIONALMENTE!

10 de Outubro de 1995, foi o dia em que outra das pessoas mais importantes da minha vida partiu. Lembro-me que era ele que me fazia as vontadinhas todas. Lembro-me que bastava eu dizer “eu quero…”, e ele dava-me tudo. Lembro-me das brincadeiras que ele tinha comigo e com os meus primos. Lembro-me de ele me ter ensinado a derreter o gelado e só depois comer. Lembro-me de ele me ensinar a enrolar as fatias de queijo ou de fiambre. Lembro-me que ele me tratava como uma bonequinha de porcelana que ao mais pequeno toque se podia desfazer em pedaços. Tenho saudades. AMO-O!

Não sei ao certo o dia ou mês, mas sei o ano, 1998. Nesse ano partiu outra das pessoas que mais sentido dava a minha vida. As recordações são escassas, mas lembro-me de ele me dizer que eu era a sua princesa. Lembro-me de quando o fui visitar uma vez e ele foi super fofo comigo. Sei que apesar de ele ter partido, ele está lá em cima a olhar por mim, e por aqueles que amo e que ele também ama. E sim, AMO-O!

Com isto tudo aprendi que devemos dar valor aqueles que amamos. Aprendi que devemos dar valor aos nossos pais, aos nossos avós, aos nossos primos, aos nossos tios, e aos nossos amigos. Nunca é tarde para relembrar que amo a minha mãe e que o meu maior medo é perdê-la. Amo o meu pai. O meu primo é, digamos, o meu porto de abrigo, e eu amo-o incondicionalmente. Os meus outros primos são a essência do meu sorriso. Os meus tios são uma parte de mim. A minha melhor amiga. Essa. Sei que quando um dia a perder o meu mundo vai deixar de fazer qualquer sentido. Amo-a, e demasiado. Ela é o meu sol num dia de tempestade. Digamos que é a única capaz de me entender. Os meus amigos são simplesmente tudo para mim, e eu não consigo viver sem eles.

Não quero perder aqueles que amo. Não quero, porque sei que no dia em que cada um deles partir, um pedaço de mim irá também.

Hoje, já vários pedaços foram arrancados de mim, principalmente quatro deles. Mas sabem, é por eles que eu me mantenho aqui, forte e lutadora. Cada um deles deixou em mim uma força única. Força essa que me torna cada vez mais forte, e capaz de ultrapassar tudo.

Obrigada a todos vocês que me ensinaram tanto e me tornaram naquilo que sou hoje. Avô Nélson, avô Elias, avó Néli, e avó Mila, tenho saudades vossas. Mãe, pai, primo, melhor amiga, primos, tios, madrinha e amigos, eu amo-vos mais que qualquer coisa na vida, por isso peço-vos: NUNCA ME ABANDONEM, POR FAVOR.

Aqueles que já partiram digo um: Descansem em paz <3.

Desculpem mas senti necessidade de escrever este texto. A morte do Angélico afectou-me. É tão estranho ver pessoas tão novas a partir. Saber que o meu primo tem praticamente a mesma idade que ele, deixa-me mal e com medo, pois sinto que posso perder o meu primo.

Arrepia-me um pouco a morte dele porque lembro-me que há uns anos atrás quando o Francisco Adam partiu, ele e o resto da banda dos D’ZRT cantaram uma música intitulada “encara a estrada como um perigo”. Cada palavra dita daquela música, hoje faz qualquer sentido em ser dita ao Angélico.

Descansa em paz Angélico Vieira.

Andreia Filipa Pereira

29 de Junho de 2011

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